quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Caras como eu

Estão ficando raros

Como cabelos ralos

Que se partem e caem pelo chão

Caras como eu
Estão tirando o pé
Andando em marcha-ré
Com medo de entrar na contramão

Como trens do interior

Que não chegam no horário

Como velhos elefantes

Que morrem solitários

Caras como eu
Estão ficando chatos
Como solas de sapatos
Que se gastam
Com o passar do tempo

Como palavras de amor

Que não se guardam em disquetes

Como segredos sem valor
Que a gente nunca esquece

Caras como eu
Estão ficando velhos
Calçando os seus chinelos
Concluindo que não há mais tempo

Não vou mais medir o tempo
Não vou mais contar as horas
Vou me entregar ao momento
Não vou mais tentar matar o tempo


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